Análise: Que gases com efeito de estufa impulsionam o aquecimento global na UE
A União Europeia (UE) está a tomar medidas para reduzir drasticamente as suas emissões de gases com efeito de estufa (GEE), uma vez que estão associadas às alterações climáticas. O gás com efeito de estufa mais conhecido é o dióxido de carbono (CO2), mas outros, presentes em menor quantidade na atmosfera, podem ter maior efeito de aquecimento. O dióxido de carbono é apenas um dos muitos gases com efeito de estufa. Fique a saber mais sobre o impacto, a origem e a quantidade de gases nas emissões da UE.
O que fazem os gases com efeito de estufa?
Os gases com efeito de estufa agem de forma semelhante ao vidro numa estufa: absorvem o calor do sol que irradia da superfície da Terra, prendem-no na atmosfera e impedem que regresse ao espaço.
O efeito de estufa faz com que a temperatura à superfície da Terra seja mais elevada do que seria se não existissem gases com efeito de estufa na atmosfera, o que permite a vida no planeta.
Muitos gases com efeito de estufa ocorrem naturalmente na atmosfera, mas a atividade humana contribui para a sua acumulação. Como resultado, o efeito de estufa na atmosfera é exacerbado e altera o clima do nosso planeta, levando a mudanças nos padrões de neve e precipitação, um aumento nas temperaturas médias e eventos climáticos extremos, como ondas de calor e inundações.
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Quais gases com efeito de estufa existem?
Existem diferentes tipos de gases com efeito de estufa, com um potencial de aquecimento global variável. Entre os gases que tanto surgem naturalmente na atmosfera como são gerados por atividades humanas encontram-se: o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), entre outros.
Os gases fluorados com efeito de estufa (também conhecidos como F-Gases em inglês) são gases artificiais utilizados na indústria e que têm um elevado potencial de aquecimento global. Na sua maioria são milhares de vezes mais fortes do que o CO2. São eles os hidrofluorocarbonetos (HFC), perfluorocarbonetos (PFC), hexafluoreto de enxofre (SF6) e trifluoreto de nitrogénio (NF3).
Os gases fluorados são frequentemente usados como substitutos de substâncias que empobrecem a camada de ozono, isto é, são produtos químicos de origem humana que, uma vez emitidos, atingem a estratosfera e destroem a camada de ozono protetora, contribuindo para o buraco de ozono. Ao contrário destas substâncias, os gases fluorados não danificam a camada de ozono atmosférica.
Os seguintes sete tipos de gases com efeito de estufa são abrangidos pelo Protocolo de Quioto e pelo Acordo de Paris, que visam coordenar a resposta global às alterações climáticas:
Dióxido de carbono
O CO2 é produzido naturalmente pelos animais durante a respiração e através da decomposição da biomassa. Também entra na atmosfera através da combustão de combustíveis fósseis e reações químicas. É removido da atmosfera pelas plantas no processo conhecido como fotossíntese, que transforma a luz solar em energia e também transforma CO2 e água em açúcar e oxigénio. O CO2 absorvido é mantido fora da atmosfera até que as plantas morram e essa é a razão pela qual as florestas têm um papel importante na captura de carbono.
Metano
O metano é um gás incolor e o principal constituinte do gás natural. As suas emissões resultam da produção e transporte de carvão, gás natural e petróleo, bem como da pecuária e outras práticas agrícolas. Também é libertado pelo uso da terra e decomposição de resíduos orgânicos em aterros de resíduos sólidos urbanos. Em 2021, a maioria das emissões de metano foi originada pela agricultura, silvicultura e pesca.
Óxido nitroso
Este gás é produzido, principalmente, como resultado da ação microbiana nos solos, o uso de fertilizantes contendo nitrogénio, a combustão de madeira e na produção de químicos. É emitido por atividades agrícolas e industriais, bem como no uso da terra, combustão de combustíveis fósseis e resíduos sólidos e tratamento de águas residuais. Na UE, a agricultura, a silvicultura e a pesca são os setores que emitiram mais óxido nitroso em 2021.
Hidrofluorocarbonetos
Os hidrofluorocarbonetos representam cerca de 90% das emissões de gases fluorados e a UE está a trabalhar para os eliminar gradualmente até 2050.
São usados principalmente para absorver o calor em refrigeradores, em congeladores, em condicionadores de ar e em bombas de calor; como propelentes em nebulizadores para asma e pulverizadores de aerossol; como agentes dilatadores de espuma e em e em extintores de incêndio. Em 2021, estes gases prevaleceram nos domínios do comércio grossista e retalhista, da reparação de veículos motorizados e motociclos.
Perfluorocarbonetos
Os perfluorocarbonetos são compostos artificiais comumente usados em processos industriais de fabricação.
Hexafluoreto de enxofre
O hexafluoreto de enxofre é frequentemente usado como gás isolante e em linhas de alta tensão.
Trifluoreto de nitrogénio
O trifluoreto de nitrogénio é usado como um “gás de limpeza de câmara” em processos de produção para limpar resíduos acumulados em microprocessadores e peças de circuito à medida que são construídas. É ainda usado no fabrico de televisores de cristal líquido (ou LCD).
Gases com efeito de estufa e o seu impacto no aquecimento global
Como os gases com efeito de estufa têm um potenciais de aquecimento global distintos, o seu impacto é normalmente convertido num equivalente de CO2 para tornar as comparações mais significativas.
Em 2021, as emissões de gases com efeito de estufa geradas pelas atividades económicas na UE foram de 3,6 mil milhões de toneladas de equivalente de dióxido de carbono, ou seja, 22 % inferiores às de 2008.
O dióxido de carbono representava quase 80% do volume de todas as emissões de gases com efeito de estufa na UE em 2021, seguido pelo metano com mais de 12%.
O metano dura menos do que o CO2 na atmosfera, mas absorve muito mais energia solar. Deste modo, trata-se de um poluente atmosférico perigoso e o seu vazamento pode provocar explosões.
Em conjunto, todos os gases fluorados representam apenas cerca de 2,5% das emissões de gases com efeito de estufa da UE. No entanto, mesmo emitidos em quantidades menores, podem reter o calor de forma muito mais eficiente do que o CO2.
Como planeia a UE reduzir os gases com efeito de estufa?
A Lei Europeia do Clima estabelece metas juridicamente vinculativas para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, as quais deverão baixar 55% até 2030 em comparação com os níveis de 1990, enquanto a UE deverá ser responsável por zero emissões líquidas até 2050.
Para alcançar estes objetivos, a UE está a tomar várias medidas, incluindo:
– reduzir as emissões nos transportes;
– estabelecer regras para poupar energia e investir em energias renováveis;
– impedir a deslocalização de indústrias emissoras de gases com efeito de estufa para fora da UE, numa tentativa de evitar normas climáticas mais rigorosas;
– impulsionar o primeiro grande mercado mundial do carbono – o regime de comércio de licenças de emissão da UE;
– fixar objetivos de redução para cada Estado-Membro da UE;
– reforçar as florestas e outras zonas de captura de carbono.
Lê mais sobre como a UE está a reduzir as emissões de carbono.
Além do CO2, a UE também está a tomar medidas no que refere a outros gases com efeito de estufa, nomeadamente:
- uma estratégia para reduzir as emissões de metano
- a atualização das regras sobre gases fluorados com efeito de estufa
- a atualização das regras relativas às substâncias que empobrecem a camada de ozono
Sabe como a UE está a trabalhar para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa para além do CO2.
Fonte: Parlamento Europeu