ANICE critica Governo Espanhol por ignorar provas científicas e diminuir o consumo de carne nas escolas

A Associação Nacional das Indústrias de Carne da Espanha (ANICE) lamenta profundamente que não tenha sido considerado o equilíbrio necessário entre a ingestão de alimentos de origem animal e vegetal, essencial para garantir uma alimentação completa, especialmente nas fases de crescimento.
Apesar das recomendações de especialistas em nutrição infantil e de uma ampla base de referências científicas, o Governo espanhol decidiu limitar drasticamente o consumo de carne e os seus derivados nos refeitórios escolares, por meio de um Real Decreto que impõe restrições sem precedentes à presença deste alimento nos menus.
“Estamos a assistir à encenação de um modelo de transição proteica para os vegetais, desequilibrando e desvalorizando a ingestão de nutrientes essenciais que apenas a carne pode fornecer”.
Com esta redução da carne nos menus escolares, imposta por decreto oficial, transmite-se uma mensagem enviesada e negativa sobre a carne, o que pode afetar a perceção pública e a qualidade nutricional da dieta infantil. A carne nem sequer é mencionada na nota de imprensa que acompanha o decreto, o que evidencia a pouca importância que o Ministério dá a um dos alimentos mais completos do ponto de vista nutricional.

ANICE acompanha e critica proposta desde 2022
Desde abril de 2022, quando o Ministério dos Direitos Sociais submeteu o projeto de decreto à consulta pública, a ANICE acompanha atentamente a sua evolução. Desde as primeiras versões, a associação identificou um claro desequilíbrio nutricional devido às restrições à carne e os seus derivados nas escolas.
Há apenas dois meses, a ANICE alertou publicamente sobre a importância de manter um equilíbrio adequado entre alimentos de origem animal e vegetal nos refeitórios escolares, para garantir saúde e desenvolvimento de qualidade na infância.
Nesse contexto, a ANICE apresentou as suas contribuições ao decreto, defendendo a presença da carne como elemento básico no desenvolvimento físico e cognitivo das crianças em fases cruciais de crescimento.
Restrições podem comprometer saúde infantil
Contrariando as recomendações do setor e da comunidade científica, o decreto aprovado no dia 15 de abril pelo Conselho de Ministros e publicado no dia 16 de abril no BOE (Boletim Oficial do Estado) restringe o consumo de carne vermelha a uma porção semanal e duas porções mensais no caso da carne processada — uma decisão que, segundo a ANICE, pode causar deficiências nutricionais graves em crianças e adolescentes.
As proteínas de origem animal são uma fonte insubstituível de nutrientes essenciais, especialmente entre os 6 e os 23 meses de idade. Elas fornecem proteínas de alta qualidade, ferro e vitamina B12 — nutrientes difíceis de obter em quantidades suficientes apenas a partir de fontes vegetais.
Estudos científicos (Burkert et al. 2014; Tong et al. 2019; Cofnas N. et al. 2019) apontam que o vegetarianismo pode estar associado a riscos sérios no desenvolvimento cerebral e físico de fetos e crianças. A suplementação com ferro, zinco e B12 nem sempre compensa esses riscos.
“A nossa intenção sempre foi contribuir com uma regulamentação que garanta o bem-estar nutricional de crianças e adolescentes, evitando decisões que levem a carências alimentares. O novo decreto limita significativamente a presença da carne nos menus escolares, transmitindo uma mensagem negativa sobre a carne e as suas qualidades nutricionais, especialmente entre os mais jovens”, afirma Giuseppe Aloisio, Diretor-Geral da ANICE.
Crianças de famílias com menor renda podem ser as mais afetadas
O texto do decreto afirma que pretende fomentar uma alimentação saudável e nutritiva, independente da renda familiar. No entanto, para muitas crianças de famílias com baixos rendimentos, a única refeição equilibrada do dia é a feita na escola. Ao retirar dos menus nutrientes essenciais fornecidos pela carne, essa alimentação pode ficar gravemente comprometida.
Estudos apontam que os países com menor consumo de carne per capita apresentam as taxas mais altas de atraso no crescimento infantil (Agdevola et al., 2020).
ANICE apoia alimentação saudável, mas com equilíbrio
A ANICE apoia os objetivos de promover hábitos alimentares saudáveis e combater a obesidade infantil. Contudo, considera que o decreto apresenta um desequilíbrio evidente. Os primeiros pratos dos menus são todos de origem vegetal (arroz, massas, legumes), as guarnições também (saladas, hortaliças), e a carne é limitada a no máximo três porções semanais — podendo ser apenas uma ou nenhuma. Quando é carne vermelha, só pode haver uma por semana. A elevada presença de amido (açúcar) torna a dieta excessiva nesse componente.
Por isso, a ANICE expressa a sua deceção e preocupação profunda com as limitações impostas à carne nos refeitórios escolares e com o impacto que esse decreto pode ter na perceção social sobre este alimento.
A Associação reafirma o seu compromisso com uma alimentação infantil equilibrada, saudável e baseada na melhor evidência científica, e continuará a trabalhar para que as decisões alimentares sejam tomadas com rigor, responsabilidade e diálogo com todos os setores envolvidos.
