Suécia, Noruega e Finlândia começam a acumular cereais em grandes quantidades: “Estamos a preparar-nos para o pior cenário”
Foi registado um aumento histórico nas compras de cereais na Polónia. Os países do norte da Europa afirmam que não estão a ser “alarmistas”, mas sim a constatar que o mundo mudou, com um número crescente de ameaças.
Segundo o El Economista, além de cereais e grãos, os países nórdicos estão a armazenar produtos de emergência médica, com o objetivo de fortalecer a resiliência dos seus sistemas financeiros. Paralelamente, as famílias receberam orientações para armazenar alimentos enlatados e comprimidos de iodo, preparações prudentes face às crescentes incertezas.
A Suécia, Noruega e Finlândia estão a garantir o abastecimento de cereais e grãos para fazer face a imprevistos, como guerras, pandemias, alterações climáticas, ataques cibernéticos e falhas de energia.
Há poucos dias, foi anunciado que a Polónia aumentou as suas reservas de cereais para um nível recorde, como forma de reforçar a segurança alimentar face a possíveis interrupções no abastecimento causadas por fenómenos climáticos extremos ou crises geopolíticas. A agência estatal responsável pelas reservas, que não revela a quantidade nem a localização dos stocks, mantém esses armazéns há várias décadas. Isso ocorre mesmo sendo a Polónia um exportador líquido de cereais, com fornecimentos abundantes, especialmente após o aumento das exportações da Ucrânia, cujas exportações marítimas foram afetadas pela invasão russa.
“A Polónia mantém reservas estratégicas de alimentos, incluindo cereais, desde que me lembro”, disse Agnieszka Bogucka, diretora da Agência de Reservas Estratégicas da Polónia, “no entanto, nunca tivemos reservas de grãos tão grandes como as que temos hoje.”
Estas reservas refletem as diversas ameaças à segurança alimentar, desde as condições climáticas adversas que afetam as colheitas até as disrupções nas cadeias de abastecimento causadas por guerras ou pandemias. São, ainda, um claro sinal dos esforços governamentais para se prepararem para possíveis crises. A Finlândia também está a armazenar cereais, enquanto a Suécia planeia reforçar as suas reservas, incluindo sementes e fertilizantes, como parte de uma estratégia mais ampla de resiliência.
A imprensa espanhola também revela que, em novembro, o parlamento da Polónia aprovou uma lei que obriga as autoridades locais a garantirem reservas suficientes de comida e água para 72 horas. Outras medidas incluem um sistema de evacuação e a construção de abrigos.
Além disso o banco central dinamarquês está a implementar um sistema inovador, que permitirá, a partir do próximo ano, que os cidadãos continuem a usar os seus cartões para adquirir alimentos e medicamentos durante uma semana, mesmo em caso de corte de eletricidade ou de acesso à Internet.
Os países nórdicos são económicos, frugais e cautelosos. Se nada acontecer, estes esforços terão sido em vão. Mas se algum dos cenários propostos acabar por se concretizar, estes países ‘alarmistas’ estarão preparados para sobreviver, enquanto outros países do Sul da Europa continuam a viver o dia a dia, como manda a tradição.