Seca histórica e falta de transporte marítimo ameaçam setor da amêndoa na Califórnia
Os produtores de amêndoa da Califórnia, EUA, vivem a “tempestade perfeita” devido à seca extrema, que afeta a região há 3 anos consecutivos e este ano impediu já a plantação de 120 mil hectares de novos amendoais.
No total, há cerca de 200 mil hectares de terrenos agrícolas que não foram cultivados na Califórnia por falta de água para regar.
A busca de água tornou-se uma obsessão nos vales agrícolas do centro da Califórnia, região que sofre uma seca que pode ameaçar o abastecimento de alimentos dos Estados Unidos.
O Governo da Califórnia fixou restrições ao uso da água na agricultura e até mesmo a população teve de reduzir o consumo doméstico em 15%. Os prejuízos gerados pela seca no setor agrícola este ano são estimados em 1.200 milhões de dólares.
A somar a este problema, a falta de navios de carga no porto de Oakland, a principal porta de saída das amêndoas californianas, está a impedir a exportação de mais de 500 mil toneladas, colhidas em 2021. As exportações baixaram 13% este ano e o preço da amêndoa está em níveis historicamente baixos: 2 dólares/pound.
Desde o início da pandemia, as companhias de transporte marítimo que atracam no porto de Oakland preferem regressar à Ásia com os contentores vazios para carregar mais produtos, a ficar à espera para carregar as amêndoas.
Segundo os especialistas, a situação da falta de navios não deverá resolver-se nos próximos meses, e por isso, os produtores estão à procura de uma solução para conseguir exportar as amêndoas, que poderá passar pela expedição por comboio até ao porto de Los Angeles, seguindo daí para os mercados internacionais.
A produção estimada de amêndoa na Califórnia este ano é de 1,270 milhões de toneladas, menos 4% do que em 2021.
Os cientistas afirmam que as alterações climáticas provocarão episódios de seca ainda mais extremos e frequentes, colocando cada vez mais em perigo a segurança alimentar. Produzir alimentos nos Estados Unidos nestas condições será um desafio.
Um estudo da Universidade da Califórnia-Merced descobriu que no ano passado a seca custou à indústria agrícola da Califórnia vários milhões de euros e 14.000 empregos. O sistema de água da Califórnia está sobrecarregado há muitas décadas, disse o principal autor do estudo, Josue Medellin-Azuara, professor associado de engenharia ambiental da universidade.
A seca representa um grande risco para o abastecimento de alimentos da América Central e do Sul, África e Ásia, de acordo com um relatório do IPCC (Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) de 2022. Há casos na África e nas Américas Central e do Sul em que a seca já aumentou a insegurança alimentar e a desnutrição, disse o relatório. A seca também será um fator-chave da migração relacionada ao clima.
Saiba mais e leia este artigo do jornal ‘Los Angeles Times”: https://lnkd.in/dr8cz9KN